Os 'chavalitos' e as 'chavalitas'...

"Vai uma ganza?!" "Vou esgalhar o pessegueiro!" "Mandei-lhe um e-mail em net perfumada!" " Vamos dar um tempo..." "Vai uma curte?!" "Espelho meu, espelho meu... haverá alguém com mais borbulhas do que eu?!..." "As minhas coxas estão tão cheiínhas de celulite que os putos já me perguntaram se podem jogar ao berlinde nas covinhas!... Os parvos!" "SMS p'ra cá!... SMS p'ra lá!..."



O que é um adolescente?! Alguém que já não é criança e ainda não é adulto. Bravo!!!

E a adolescência, o que é?! É a "fase do desenvolvimento humano caracterizada pela passagem à juventude e que começa após a puberdade". Excelente! (Muito obrigado dicionário amigo!)

Assim vamos, no nosso Mundo. Quando ele ou ela não cumprem os deveres dizemos: "Já és uma mulherzinha / um homenzinho, e como responsável que és, podes muito bem tomar conta dos teus irmãos... ou levar o cão á rua... ou ir pôr o lixo... ou organizares os teus tempos de estudo... ou... " Quando eles assumem o que lhes estamos sempre a lembrar, ripostamos: "Mas onde é que julgas que vais?!... E já pediste autorização?!!... Ao cinema?... A estas horas?!... Quando já fores uma mulherzinha / um homenzinho fazes o que te apetecer . Mas... até esse dia chegar... quem manda sou eu!... Olha só o nariz emproado!..."

Entalados entre o que já não são e o que hão-de ser. Entre o que queremos que eles sejam e o que nem desejamos imaginar que algumas vez possam ser, estão... os adolescentes. Hoje em dia, a mais das vezes, só querem ser felizes!... Nós também gostavam de o ser, não vos parece?!

Não há receita ou mezinha, panaceia universal, empertigar em bicos de pés (às vezes já são mais altos que nós, os cotas, não é?!), tapona mal aplicada, berraria e olhos do tamanho de prato de sopa, que façam efeito... Mas, há um caminho perdido e reencontrado que tudo pode sempre aplacar, uma pergunta a que devemos forçar-nos a responder: "Tenho-lhes amor?!" Se sim, lancem, de novo, os dados. Podem continuar a jogar e a discutir as regras. O batoteiro, num jogo, é o que joga sempre duas vezes. Não é agradável, mas pode ser compreensível. Ás vezes, somos nós, ao inventar muitas, demasiadas, incontornáveis e incompreensíveis, regras de jogo, que levamos os jogadores a jogarem duplamente. Regras simples, ambiente afável, podem eliminar a batota e as quezílias quando tudo se revela (como o tal Monstro de Lochness, que todos querem descobrir e muito procuram, mas que, ao mesmo tempo, receiam encontrar).

O Psicólogo sabe, neste caso, que, de tudo o que sabe, pouco pode, na verdade, saber, se não se quiserem dar a conhecer. Razões mais que bastas para tudo tentar.

O adolescente vibra com a erupção da sua sexualidade, envergonha-se com o que experimenta e não pode contar, sonha, mora lá alto, numa casa perto da Utopia, para onde um dia se devia mudar. Nunca esteve tão perto de ser feliz, com todas as suas fragilidades. Cabe-nos a nós ampará-lo e libertá-lo, sabendo que, á laia dos pássaros... "nunca ninguém levantou voo que não o fizesse contra o vento"...

Também é preciso não esquecer: quando o adolescente vai ao psicólogo tem, como todo o ser humano, direito à sua privacidade.