quinta-feira, 14 de maio de 2020

Viver com o medo

Alguém, por aí, fechado em casa, sente-se um prisioneiro de guerra, sob tortura diária, refinada, sádica… Talvez não sejam poucas as pessoas que assim estão. E tal como faz quem sofre nestes cativeiros, disposto a sobreviver… tem de armar cara alegre, servir sem protestar, ‘comer e calar!’. Para se defender a si e aos outros que tem de proteger (normalmente os filhos). Mas é sempre possível pedir ajuda!... Há por aí olhos vigilantes prontos a agir. Dizem que “Quem não pede ajuda é porque não tem coragem.” (…) Não. Não é. Já basta a quem está sob um jugo miserável toda a vergonha e a dor que sofre. Não se deve apelidar de cobarde quem vive com a dignidade a tiritar. Agora para ti que estás nesta condição: - quando em recolhimento centra-te apenas no que importa – aqueles que queres proteger - e modula o teu comportamento para reduzir ao mínimo a confrontação (encurtar as frases, agir sem brusquidão); procura o contacto com o exterior, frequentemente, mesmo que seja apenas para ‘conversa fiada’ (alonga-te nessa ‘linha para fora’); mantém-te em movimento (mesmo que lento) fazendo coisas e mais coisas (pára apenas o tempo suficiente para não te tornares um ‘alvo a abater – um alvo em movimento requer ‘pontaria’). E agora que podes sair… sai… Mas não deixes desprotegidos os que mais queres proteger. Cá fora, anda até que o coração deixe de te palpitar na garganta. Aí será o momento de pedires ajuda. Determinadamente. A vida que tens pela frente é mais longa do que aquela em que sofreste. Arranja um apoio vigilante. Age. Eles, os que te são mais queridos, vão ficar melhor. E merecem, tal como tu, uma existência feliz. Não temas pedir ajuda. Só assim te tornas forte.

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