quarta-feira, 8 de abril de 2020

Depois de tantos anos

[Éluard, Paul. Poèmes politiques, 1948.                                                                                        Oeuvres II, p. 225. “Après tant d’anées”]
Depois de tantos anos de martírio
De tantos anos-pó muito mais longos
Que anos-luz seguindo um astro perdido
De novo miséria a dar e vender
Por nada, que pra nós não é palavra
Lutando e trabalhando falimos
O desespero deita onde dormimos
Sonhamos abraçar saúde e jovens
A boca e a cabeça ainda sonham
A vida vai mudar como um infante
Não desesperamos, sobrevivemos
Tudo nunca foi tão duro tão obscuro
Mas a noite não se misturou ao sangue
Mais um passo juntos rompe-se o beco
Dando a nós todos o bem e um rumo.

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